por Gleice Couto
Acho que não estou mais acostumada com o ranger da madeira por debaixo de meus pés. Mesmo caminhando devagar, o barulho de algo se partindo me incomoda ligeiramente. Não por ser um som desagradável, mas sim por vim transbordando de significados... Alguns eu quero esquecer, a grande maioria vivenciar. Meus passos ecoam pelo vazio que já esteve repleto. Repleto de sentidos... Risadas... Choros... Pessoas... Vazio que agora transpassa absolutamente nada. Nada.
Ainda não levanto o rosto. Meus olhos teimam em reparar nas fendas do chão. Elas não significam, eram apenas um pretexto para olhar para frente. Não veria o futuro, nem relembraria o passado. Seria só o agora que teria que encarar. O agora que há pouco foi ontem. Quero que seja como se fosse a primeira vez, tento resgatar a mesma sensação. O momento é outro, eu sei. Não importa.
Em todos os espaços entre um amanhecer e um anoitecer, o roteiro mudou constantemente. Passou pela comedia... Pelo romance... Pelo drama... Boa parte pela fantasia. Ilusão do ser... Do estar... Do sonhar...
A direção às vezes se perdia em meio a tantas variações. Cenários novos... Figurinos remendados... Iluminação inexistente... Era tudo uma questão de adaptação, logo sabia qual destino seguir.
Alguns personagens principais passaram a ser secundários, outros saíram de cena. Vários figurantes atuaram de modo exemplar, permanecendo no elenco até o final. Os antagonistas? Apenas me divertiram... Fizeram-me mais forte, elevaram a minha vontade de continuar o caminho.
Escuto um aplauso ao fundo...Tímido, mas presente. Somente então, meu foco muda. Observo o que estava diante de mim. A partir daquele instante, nem o eco... Nem o ranger da madeira... Nem o roteiro... Ou direção... Ou atores... me aborreciam. Tudo tinha sido válido. Apenas por causa de um aplauso. Um único reconhecimento.
Em agradecimento, faço uma reverencia.
Era o último ato do espetáculo da minha vida.
Cai o pano.
Acho que não estou mais acostumada com o ranger da madeira por debaixo de meus pés. Mesmo caminhando devagar, o barulho de algo se partindo me incomoda ligeiramente. Não por ser um som desagradável, mas sim por vim transbordando de significados... Alguns eu quero esquecer, a grande maioria vivenciar. Meus passos ecoam pelo vazio que já esteve repleto. Repleto de sentidos... Risadas... Choros... Pessoas... Vazio que agora transpassa absolutamente nada. Nada.
Ainda não levanto o rosto. Meus olhos teimam em reparar nas fendas do chão. Elas não significam, eram apenas um pretexto para olhar para frente. Não veria o futuro, nem relembraria o passado. Seria só o agora que teria que encarar. O agora que há pouco foi ontem. Quero que seja como se fosse a primeira vez, tento resgatar a mesma sensação. O momento é outro, eu sei. Não importa.
Em todos os espaços entre um amanhecer e um anoitecer, o roteiro mudou constantemente. Passou pela comedia... Pelo romance... Pelo drama... Boa parte pela fantasia. Ilusão do ser... Do estar... Do sonhar...
A direção às vezes se perdia em meio a tantas variações. Cenários novos... Figurinos remendados... Iluminação inexistente... Era tudo uma questão de adaptação, logo sabia qual destino seguir.
Alguns personagens principais passaram a ser secundários, outros saíram de cena. Vários figurantes atuaram de modo exemplar, permanecendo no elenco até o final. Os antagonistas? Apenas me divertiram... Fizeram-me mais forte, elevaram a minha vontade de continuar o caminho.
Escuto um aplauso ao fundo...Tímido, mas presente. Somente então, meu foco muda. Observo o que estava diante de mim. A partir daquele instante, nem o eco... Nem o ranger da madeira... Nem o roteiro... Ou direção... Ou atores... me aborreciam. Tudo tinha sido válido. Apenas por causa de um aplauso. Um único reconhecimento.
Em agradecimento, faço uma reverencia.
Era o último ato do espetáculo da minha vida.
Cai o pano.
3 comentários:
"Take a bow, the nights is over. This mascarade is getting older (...) Say your lies but do you feel then? (...) The show is over, say good bye..."
Bom texto.
Muito próprio...
Beijos.
Marcos Paulo
ah, já conhecia =D
waaaaaaaaay good,
besitos
Essa ilusão do ser, do estar e sonhar me persegue... O sonhar é mais forte nos meus sentidos porque é a mola propulsora, é a alavanca, é a injeção, é a vitamina, é adrenalina pura que me faz realizar. O sonhar de hoje é o realizar de amanhã. Talvez ou com certeza...ainda não sei, que o que vejo hoje é o fruto, é o resultado do que um dia alguém sonhara.
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