[ Um recado, antes de tudo... As pessoas não sabem. Não compreendem. Não estão dentro da minha cabeça para saberem o que realmente quero dizer com um texto ou poema. Ficam tentando decifrar o que quero dizer em cada linha escrita. Desnecessário. Não é para isso que escrevo. Não é para saberem de mim, mas para levantarem questões nelas mesmas. Suscitar assuntos que ainda não tinham parado para pensar ou sentir. O que eu escrevo não é sobre mim, é apenas uma parte de mim. Não tente me entender, nem eu tento isso. Apenas leia. Tire suas conclusões. Absorva o que escrevi para si. Não me julguem se baseando em algumas palavras. Qualquer pessoa é muito complexa para ser descrita nas vinte e três letras do alfabeto. Até mesmo eu. Não estou triste. Somente reflexiva. Pensar às vezes é bom. Tente. ]
por Gleice Couto
É. Acho que não é ele. Isso é o que eu penso. O que na verdade, não quer dizer muita coisa. São suposições vagas de uma mente confusa, de um coração relutante.
'Não é ele'. Escutei um sussurro de leve em meu ouvido. Desceu friamente pela minha espinha, alcançou minhas terminações nervosas e antes de sair, consegui compreender. Confesso que não queria entender isso.
A ignorância às vezes é bem vinda. É uma fuga, isso é certo. Mas quem não foge? Quem não passa para o outro lado, sorrateiramente, com cuidado para que ninguém o veja? Quem não diz uma verdade bem baixinho para que não minta, mas para que também não magoe a outra pessoa?
Enquanto meus ouvidos confirmavam o que eu havia escutado, minha memória voltava àquele momento como se comprovasse o que tinha acontecido. Mas a cada repetição da cena em minha cabeça, uma coisinha bastante teimosa tentava me dizer algo. E eu não queria escutar mais nada. Já tinha escutado coisas demais pra um único dia.
Mas essa coisinha era insistente, incomodava minha paciência. Não que precise de muito para que isso aconteça. Então, decidi dar um chance, um voto de confiança à essa coisinha. A saber: meu coração.
Eu sabia que o que viria dali podia ser enganoso. Podemos usar o coração para os nossos desejos mais vis. Podemos revestir qualquer ato ou pensamento errôneo, jogando a culpa nele. Sempre fugindo... 'Desculpe, agi sem pensar.' 'desculpe, segui meu coração'. 'Desculpe, fui impulsiva'. Por vezes, o coração é desculpa para nossa falta de capacidade de discernimento. Mas atenção. Eu disse 'por vezes', não ‘sempre’.
O coração também é capaz de fazer com que nas horas que 'escutamos uma voz' dizer que 'não', duvidemos. Afinal, como saber a real intenção dessa voz, não é mesmo? Ela pode ser apenas a minha baixo-estima fazendo o seu papel. Pode ser o meu medo camuflado. Pode ser qualquer parte minha que tem prazer em ser do contra.
Somente dando ouvidos ao coração podemos nos dar ao luxo de duvidar, mas não certos de que ele nos dará a resposta. Provavelmente ele não me dará resposta alguma. Somente fará com que eu pense que seja possível eu ter escutado errado o 'não é ele'. O que realmente pode ter acontecido. Ou não. - olha o coração se contradizendo, e colocando tudo novamente em dúvida. Começo a duvidar se fiz certo em deixar essa coisinha teimosa falar.
Não estou fazendo apologia para não seguir o coração, apenas digo que tenho que ter cautela ao fazer algo ditado por ele. As vezes que o segui cegamente, invariavelmente, não deram certo. Por outro lado, também tenho que olhar com desconfiança que essa 'voz' que vez por outra aparece.
A verdade é que só deixando o tempo agir é que verei quem estava com a razão. Bem, sendo ele ou não, eu quero que seja. E nem meu coração ou a voz têm haver com isso. Ou têm?
"Estreita é a casa de minha alma para que venhas até ela: que seja por ti dilatada. Está em ruínas: restaura-a. Há nela nódoas que ofendem o teu olhar: confesso-o, pois eu o sei; porém quem haverá de purificá-la? A quem clamarei senão a ti?". Santo Agostinho, Confissões.
'Não é ele'. Escutei um sussurro de leve em meu ouvido. Desceu friamente pela minha espinha, alcançou minhas terminações nervosas e antes de sair, consegui compreender. Confesso que não queria entender isso.
A ignorância às vezes é bem vinda. É uma fuga, isso é certo. Mas quem não foge? Quem não passa para o outro lado, sorrateiramente, com cuidado para que ninguém o veja? Quem não diz uma verdade bem baixinho para que não minta, mas para que também não magoe a outra pessoa?
Enquanto meus ouvidos confirmavam o que eu havia escutado, minha memória voltava àquele momento como se comprovasse o que tinha acontecido. Mas a cada repetição da cena em minha cabeça, uma coisinha bastante teimosa tentava me dizer algo. E eu não queria escutar mais nada. Já tinha escutado coisas demais pra um único dia.
Mas essa coisinha era insistente, incomodava minha paciência. Não que precise de muito para que isso aconteça. Então, decidi dar um chance, um voto de confiança à essa coisinha. A saber: meu coração.
Eu sabia que o que viria dali podia ser enganoso. Podemos usar o coração para os nossos desejos mais vis. Podemos revestir qualquer ato ou pensamento errôneo, jogando a culpa nele. Sempre fugindo... 'Desculpe, agi sem pensar.' 'desculpe, segui meu coração'. 'Desculpe, fui impulsiva'. Por vezes, o coração é desculpa para nossa falta de capacidade de discernimento. Mas atenção. Eu disse 'por vezes', não ‘sempre’.
O coração também é capaz de fazer com que nas horas que 'escutamos uma voz' dizer que 'não', duvidemos. Afinal, como saber a real intenção dessa voz, não é mesmo? Ela pode ser apenas a minha baixo-estima fazendo o seu papel. Pode ser o meu medo camuflado. Pode ser qualquer parte minha que tem prazer em ser do contra.
Somente dando ouvidos ao coração podemos nos dar ao luxo de duvidar, mas não certos de que ele nos dará a resposta. Provavelmente ele não me dará resposta alguma. Somente fará com que eu pense que seja possível eu ter escutado errado o 'não é ele'. O que realmente pode ter acontecido. Ou não. - olha o coração se contradizendo, e colocando tudo novamente em dúvida. Começo a duvidar se fiz certo em deixar essa coisinha teimosa falar.
Não estou fazendo apologia para não seguir o coração, apenas digo que tenho que ter cautela ao fazer algo ditado por ele. As vezes que o segui cegamente, invariavelmente, não deram certo. Por outro lado, também tenho que olhar com desconfiança que essa 'voz' que vez por outra aparece.
A verdade é que só deixando o tempo agir é que verei quem estava com a razão. Bem, sendo ele ou não, eu quero que seja. E nem meu coração ou a voz têm haver com isso. Ou têm?
"Estreita é a casa de minha alma para que venhas até ela: que seja por ti dilatada. Está em ruínas: restaura-a. Há nela nódoas que ofendem o teu olhar: confesso-o, pois eu o sei; porém quem haverá de purificá-la? A quem clamarei senão a ti?". Santo Agostinho, Confissões.
Um comentário:
liiiiiiiindo gleice, lindo mesmo. talvez o que mais gostei at all de tudo já li seu... MTO DEMAIS!
ah, e agostinho rules!
Jeremias, sobre o coração:
"Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?" (Jr 17:9)
né?
uma coisa que escrevi um tempo atrás (tem todo um texto junto):
"Ó coração humano, órgão de pouca dimensão e tamanha complexidade! Quem poderá dizer ao certo o que acontece dentro de algo tão incerto? "
enfim, tb to vivendo a complexidade do coração.. brigado pelo texto!
um beijo e um queijo
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