sexta-feira, abril 06, 2007

Discurso indireto

por Keissy Carvelli, 5 de abril às 23:56


Não pretendo fazer poesia, nem prosa, nem soneto, nem canção; meus vícios variam de madrugada em madrugada, às vezes leio, outras escrevo, penso, sonho; outras vezes sou toda saudade, e lirismo, traduzo metade dos sentimentos em letras de músicas antigas, a outra metade guardo num lugar escondido onde só eu posso achar.
Morro de medo de achar, esse é o fato mais sólido, mas eu tenho o mapa, sei exatamente o caminho e já bati na porta deste distante esconderijo.Achei!
Meus olhos disfarçam, minhas palavras são ditas em metáforas, e esse brincalhão, que se esconde de medo, quando ameaça aparecer logo volta pra onde deve: na casinha de paciência, tendo como chave o tempo.
Não quero tentar e não dizer, não sentir e correr, não quero ensaiar todas as ações e não fazer, não quero, simplesmente do verbo não querer ter toda uma frase pronta para ser dita e fugir.
Quero te pegar pelas pernas, te trazer pra dentro, fechar minha mão e sentir a sua por baixo, quero seus extremos e meios, suas metades, seus inteiros; quero seu cheiro e o que vier com ele, seus olhos, suas pintas, suas poses; quero ser seus acertos, seus erros, quero ter tuas maravilhas, teus defeitos.
Quero não precisar mais destes discursos indiretos, desses simbolismos, e analogias, não quero mais sentir-me como criança no Natal; não mais, não por hoje, não pro resto da vida.
Preciso da frase no presente, em primeira pessoa, na forma mais direta que possa existir, preciso do diálogo sem travessão, sem pausa, sem papel nem caneta; preciso dos sentimentos ditos e gritados na pele, no suor, nos sentidos; preciso do gesto em luz acesa, da voz em tom alto, do sopro em ventania, da febre em calor, dos céus em estrelas e luas; preciso nesse instante e agora, nesse instante e semana que vem dos teus anseios, dos recreios e intervalos, dos teus aspectos, menções; preciso num dado momento e no outro também, numa festa, num quarto, num lençol; preciso agora mais do que ontem, e fim de semana que vem mais do que hoje.
Preciso não ser pega no radar por correr de mais, preciso da placa siga em frente, do exagero explosivo, e do depois comedido; preciso da inconstante constância, da fôrma de fazer pão, da forma de driblar um não.
Preciso só pelo tempo que durar, preciso só me desfazer em lágrimas e sorrisos, preciso só do que é meu mesmo sem ser, preciso só da primeira, segunda e terceira impressão; preciso unicamente dos acordes aleatórios esquecido das horas.

3 comentários:

Beto disse...

Que bola de neve ! heheh você vai lendo parece que a coisa toda vaa crescendo , tomando corpo , você começa a ler mais rápido, mais rápido , mais rápido! Muito bem escrito, muito leve, muito claro!

Anônimo disse...

tá ficando boa, hein, flor?! XD

'doreeeeeeeei.

beijoooooooooos.

amo-te.

Miguel Del Castillo disse...

nooooooooooossa, mas isso tá MTO MTO MTO bem escrito!
assino embaixo pro que o beto falou! ;)

parabenes!!!

=*