sábado, outubro 13, 2007

Sob efeito

(por Keissy Carvelli)

Por quantas vezes mais terei que dizer: saia daí?
Por quantas vezes mais terei que reforçar a idéia de que tudo isso não é pra você. É tão pouco perto da sua sensível forma de enxergar os fatos e as complicações dessas vãs filosofias.
Meus braços forçariam sua retirada disso tudo; meus olhos provocariam seu riso sem qualquer esforço; e o esboço do sonho tornar-se-ia um desenho das mãos juntas, dos sorrisos e dos nossos extremos equilibrados numa só insanidade.
Já não sei como sair daqui, e numa verdade esclarecida: não quero sair de lugar algum.
Os meus sonhos sempre são certeiros, cheios dos seus detalhes e daquilo que vou sentir, não existem erros. Para que fugir, então?
Eu sei, menina! Nada há de ser feito agora. Você tem seus medos, seus amores e suas esperanças. Eu...ah, eu! Eu não tenho nada. Absolutamente NADA! E de nada me envergonho.
Não sofro mais, não choro mais, não amo mais. Do que posso ter medo?! De amar?! Ah, falsa hipocrisia. Eu amo essa coisa toda de conquistar, apaixonar, amar e sofrer. É quase um ciclo vicioso, no duro.
Por que eu, justamente eu, teria medo de algo assim?! Apaixonar-me por você?! Ah, tão fácil, tão irreversível, tão inconseqüente, tão inevitável.
Idealizar? Isso se torna típico neste meu mundo cheio de suas fantasias e alegorias...Ver-te sempre rindo, e com suas expressões singulares..ah! Isso não! Eu não criei, foi visto antes mesmo da imaginação tomar lugar do meu sono.
Confesso, no duro, que já não devo evitar. Aí está a prova, mais uma vez, de que caí nesse miserável truque do coração idiota que se apaixona por quem não deve.
O álcool toma conta dos meus dedos, das letras, e das poesias que eu tento reproduzir em forma culta e intelectualizada. Um belo truque.
Quem precisa de poesia quando se fala de paixão? Ela sempre soará brega, por melhores que sejam as palavras e metáforas escolhidas.
Eu sempre serei brega e clichê. Já me acostumei, e, no duro, não me importo a mínima.
Não tento mais esconder, isso soaria ainda mais ridículo, e mesmo que eu goste de assim soar, não ficaria convencional.
Mentir pra mim mesmo?! Ah, por Deus!!!! Quanta estupidez!
A minha paciência é farta, assim como a minha vontade que me atormenta toda maldita noite de insônia programada.
A minha paciência não te espera, mas te quer! A minha impaciência não diz todas as verdades, mas também não esconde todas as mentiras. A minha paciência é um infinito particular depositado em baixo do travesseiro ao qual me entrego agora!


.escrito sob o efeito do alcool e das vontades.

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