por Keissy Carvelli
A sala verde, como que por conseqüência, refletia meus olhos tão baixos como nunca estiveram, encarando por todo o tempo um chão sem cor, frio, e ditador dos meus passos regulares e anormais. O quadro posto ao meio da parede era um retrato nítido da minha atual situação, tendo, em seu plano superior, cores desgovernadas e espalhadas, numa mistura de confusão e ritual.
Ainda de cabeça baixa ouvi meu nome de um jeito sutil, e num súbito instante estava encarando todos os meus sentimentos mais obscuros e escondidos diante de um olhar atento.
O salário suado paga alguém para ouvir meus devaneios e besteiras interiores, quando tudo deveria ser ao contrário, e os ouvidos deveriam ser parte integrante da convivência, e não da falta dela.
Sou mais uma vez a doença crônica que arranha e não cicatriza, sou a noite mal dormida, o dinheiro jogado fora, o comentário em sussurro na cozinha, a indiferença e a punição vestida de pijama e tédio.
Sendo assim, articulo na minha mente fértil planos e ações que possam resultar numa quase liberdade, num quase alívio, e sem qualquer metáfora temo minha falta de iniciativa!
Maldito inferno do qual me enfiei sem escolha, malditas pernas que doem deixando claro meu conflito, maldita de mim, que mais uma vez precisa provar e reprovar tudo aquilo em que acredita. Maldita hora em que fui ser canhota, oposta e contrária.
[sem qualquer perspectiva a madrugada entra e um enorme desejo de pizza toma conta de mim]
quarta-feira, julho 11, 2007
Esquerda
Postado por
Equipe Rabiscos À Mão Livre
às
2:30 AM
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